Eu nunca gostei de bonecas. Nunca brinquei que tinha uma filha. Achava bom mudar as roupas da minha Barbie paraguaia, mas era muito mais uma associação com uma versão adulta de mim. Eu tinha mi-lha-res de bichos de pelúcia.
Daí conheço Fabrício, tenho uma major crush, nada acontece, o tempo passa, a gente se reencontra numa segunda de carnaval e começamos a namorar. Ele, em determinado momento, me diz que não tem interesse em namorar uma pessoa que não tem intenção de ter filhos. Eu não tinha intenção, mas não ia acabar com a brincadeira naquela hora, né? hshshs. Também não tinha nenhuma aversão. Assim seguimos.
Depois de alguns anos, casamento, shows, crises, recomeços, histórias, viagens e planos eu resolvi que era a hora. Claro que assim, racionalmente, não tem a menor graça. Passei a dizer que engravidaria “ano que vem” em 2013. Chegou 2014 e meu plano era claro: do meio pro fim do ano eu abriria a fábrica – já sabendo que depois de tantos anos com anticoncepcionais não seria fácil, o que me daria tempo suficiente pra estudar e assimilar tudo o que é necessário pra não ser uma mãe péssima. Era a vontade coberta de medo.
Ainda em 2013 descobri por meio de um diário que minhas enxaquecas mortais estavam sendo basicamente hormonais e passei a procurar por uma medicação que me ajudasse nesse ponto. Troquei 2 vezes de medicação e, na terceira tentativa, eu simplesmente aguardei pelo primeiro dia da menstruação, que obviamente com esse samba doido estava desregulada. E assim, irracionalmente, eu aguardei. E os peitos cresceram. Engordei. Peguei as calças da minha mãe pra ir trabalhar. Usei cinta. Comecei a sentir uma aversão a doce, e no terceiro dia consecutivo que eu pedi ao Fabrício pra gente almoçar “ovo com carne moída” ele quase me convenceu de que eu estava grávida. Ainda levei alguns dias pra fazer o teste.
Luiza estava na espreita. Parei o ultimo anticoncepcional no fim de janeiro e, pelos cálculos, ela resolveu vir pra este plano no início de março. Descobrimos no fim de abril, e minha reação não podia ser mais clássica: “agora f*deu”. Tava sozinha em casa, esperando Fabrício chegar e pensando “putzgrila meu chefe vai me matar”. Depois de minutos de extremo desespero, fui saindo do estado de choque. Marido chegou e teve a melhor das reações! Ele não podia ter ficado mais feliz, emocionado comecei a cair numa outra realidade: vi que Deus sabe muito bem o que faz e que o meu tempo não seria o tempo certo. Nosso bebê chegou com pelo menos 6 meses de antecipação do meu plano. E assim aprendi a primeira lição da maternidade, que basicamente é um reforço de uma lição básica de vida: não estou no controle.
E dançando conforme a música é que a gente vai descobrindo que não sabe de nada, que tem um monte de instintos, que felicidade não tem receita e, principalmente, o que é o tal amor incondicional.
Continua…
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Onwti! Que lindo!
lindo! é isso aí!