É Caminhando que se Diverte

Costumo dizer que me divirto muito e com muito pouco.
Outro dia, voltando pro carro depois de ir resolver chatices no Guará, um cara me chama:
– Oi, posso falar um instantinho com a senhora?
(eu finjo que não ouvi, ele dá uma corridinha pra me alcançar e insiste)
– Moça, só um instantinho, não precisa comprar agora não! Eu vendo produtos pra você lavar o seu carro, tenho dois tipos, um é específico pra bla bla bla, o outro é bom pra esse tipo de material aqui ó, dá licença, só pra mostrar aqui pra senhora como é bom meu produto – daí ele já tava com boa parte do corpo dentro do meu carro e continuava a falar incessantemente enquanto eu concordava com a cabeça e dizia “nossa, que legal…” – Olha moça, eu nem tô botando força, tá vendo? quer ver, ó, é uma esponjinha comum, e olha a cor que ficou aqui só com essa passadinha de leve. Viu como seu carro tava sujo? Esse outro aqui a senhora não acredita, faz bla bla bla e além de tudo ele vai tirar esse arranhadinho aqui, esse outro aqui, e custa só quinze reais cada um, se levar os dois faço desconto.
Nessa hora eu já queria rir – Ô moço, seu produto é bom mesmo, mas eu tô sem trocado.
– Não tem problema, tá aqui meu cartão, eu tô sempre por aqui, tem aí meu celular TIM, VIVO, Oi ou Claro.
Eu e meu apreço eterno pelas peculiaridades da vida provinciana ficamos muito mais felizes. E fiz propaganda do produto dele pra todo mundo que entrou no meu carro =P

Pois bem, ontem foi um daqueles dias chatos, em que uma dorzinha que me azucrinava desde o domingo passado se tornou prioridade. E fui eu pro pronto socorro. Voltando pro carro – mesma situação, mas essa mais sucinta:
– Oi, eu vi suas tatuagens, posso te dar meu cartão?
Nesse momento eu me perguntei se ele por acaso tava achando algum “defeito” nas minhas tatus ou se ele parte do princípio que toda pessoa tatuada ainda há de se tatuar – Ah, sim. Obrigada!
– Tatuo aqui na asa norte, passa lá depois pra conhecer!
Assim que entrei no carro olhei o cartão do rapaz e quase o chamei de volta dizendo “oi, moço! Eu vi aqui o seu cartão e sou publicitária… tome aqui o meu cartão pra gente dar um jeito nisso”.
É maldade um publicitário maldar do tatuador que não preza pela estética e a boa produção de seu cartão de visita? Guardei o cartão, não pra propagar, mas pra contar a história, que fica muito mais legal com caras, bocas e o próprio cartão toscão.

foto
Impressão um pouquinho desconjuntada, hshshs

Conclusão: a vida dentro do escritório ou do carro não te propicia boas histórias pra contar. Keep walking.

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