Completamos um ano de Alemanha. Conquistamos mais do que imaginamos, sofremos o esperado, perdemos o necessário, ganhamos o bastante.
Estamos em uma sequência de semanas avassaladoras. Eu tinha a intenção de falar aqui sobre meu trabalho, o primeiro que consegui desde que chegamos. Toda semana sofro um choque cultural por lá, a começar pela completa inversão do que pra mim era óbvio depois de 15 anos de mercado no Brasil. Como ainda não compreendi muita coisa, postergo o assunto, mas enfatizo a minha imensa gratidão por estar vivendo essa experiência.
Luiza teve férias de 3 semanas logo que comecei no trabalho. A correria tomou conta da gente, porque ao mesmo tempo buscávamos um novo lar. Pra quem mora na Europa sabe o tamanho do problema que estou mencionando. Já ouvi horrores sobre Londres, Itália, Portugal e, obviamente, Berlim. A demanda é absurda, os valores cada vez mais altos, a burocracia inimaginável. Chegamos a visitar um apartamento – que nem tao bom era – junto com outras 50 ou 60 pessoas. Isso quando não são apartamentos sociais, quando a procura aumenta consideravelmente. Ficamos por algumas semanas fazendo até 4 visitas diárias, muitas vezes em lugares insalubres… até que por insistência, persistência, paciência, fé, destino e sorte, encontrarmos o nosso novo lugar.
Depois de encontrado percebemos que era necessário uma reforma. Novamente, quem mora por aqui sabe que a reforma é feita pelo próprio morador, de praxe. Vimos vídeos, perguntamos, desesperamos e fizemos contas. Chamamos os amigos pra pintar, um outro amigo fez o piso por um preço camarada, e a nova casa vai tomando forma. Em poucas semanas estaremos lá, num lugar cheio de parede e chão, ainda sem móveis esperando novas vidas pra serem ali vividas. Agora tem a busca dos móveis, o aniversário do Fabricio, horas extras pra compensar uma saída de férias, shows de rock, outras noites de babysitter pra negociar com as amigas e dali até o inverno começar vai ser um pulo.
O que temos percebido é que, cada vez mais, Berlim é nossa cidade. Nós hoje podemos contar com uma rede de contatos – como de todo migrante consideravelmente restrita – mas marcante. Nós temos diversas vezes a sensação de estarmos no lugar certo na hora certa. Pertencimento.
Fim da primeira volta ao sol no hemisfério norte. A saudade não cessa, mas é compensada pelas superações. Que venham muito mais!