Autoria e Atuação – Parte 2/2

Sobre credibilidade, verdade da alma e autocuidado

{Dando continuidade ao que comecei aqui}

Com esse job-hobby que é meu blog, me resolvo com uma necessidade que tenho – em tratamento – de me justificar. Não sei ao certo o porquê da justificativa, mas acredito que possa estar próximo do sórdido segredo do ego, sempre tentando agradar, impressionar, sobressair… Mas a minha própria lógica se quebra com meu comportamento: Primeiramente, ora, se eu gosto de pensar que por trás de todas as ações existem histórias que não me são visíveis – e com isso não me sinto afetada com facilidade – , logo, se eu contar as histórias por trás das minhas ações, então minha existência não criará percalços. {ou, resumindo, não ofenderei ninguém da mesma forma que não me sinto atacada por ninguém}. Em segundo, eu aprendi há muito tomar responsabilidade pelas minhas reações. Pois então porque não consigo deixar de me preocupar com reações dos outros? Tá vendo a inconsistência, gatas?

Por viver surfando entre cadeias de raciocínio, consigo quase sempre justificar *qualquer coisa* com argumentos legitimamente criados por uma mente inquieta. Portanto, se registro o processo do que sou, feito por mim, estaria talvez criando um suporte à minha integridade moral? Visto que no meu caso, há grandes chances de provir de um movimento de ‘legítima defesa’ por ter debandado pra tão longe dos que convivi. Tenho cometido o grande crime de ser quem sou, e sinceramente, nem pra ovelha negra eu sirvo… Minha nossa senhora de Tróia, faça essa gentileza, se você também tem tamanha capacidade de duvidar de si mesmo e descredibilizar o que é seu em prol de agradar seja quem for me manda uma DM, tá muito errado e a gente VAI SAIR DESSA JUNTES! :D

{Eu não tenho estômago pra tal ‘literatura’, porém meu bom senso me permite duvidar até a última vírgula de alguém que narra o que terceiros fizeram ou pensaram baseados com detalhes da intenção por trás de cada ato. Saber de si mesmo já é um trabalho do cão, imagina ser detentor da memória consciência de todos os seus terríveis inimigos? Santo devaneio, dentre todos os diagnósticos ainda prefiro o meu}

Vivi na provincianíssima Belo Horizonte até os 14 anos e me mudei pra pretensiosíssima Brasília em seguida, e com isso tive a oportunidade de olhar de pertinho o joio do sudeste brasileiro e o trigo da miscelânea do centro. E foi subvertendo o tradicional e recriando meus conceitos, que encontrei em Berlim um lar dessa ovelha negra cinza-claro. A liberdade que sinto em me expressar aqui é também uma consequência da migração. Ser de lá e coexistir aqui com tudo o que há, me dá a certeza de que conceitos, de modo geral, não são universais. A flexibilização dos mesmos são incalculáveis, e a linha entre o certo e o errado está – no momento – no respeito à vida e liberdade do *outro*. {O outro, aquele que o facismo, o fundamentalismo e o olavismo demonizam, podem ser melhor do que o melhor que você possa imaginar dentro do seu universo de compreensão. Tá entendendo? Para quem tem ambos os genitores saindo de Carmo do Paranaíba (onde o agro é uma espécie de semideus e a religião tem pouquíssimas e mínimas dissidências) chega a ser uma mudança gravitacional}

Pouco a pouco eu ganho confiança própria e vou abrindo as asas que vão minimizando cadeias entre mais cadeias de questionamentos e dando lugar à ideias. Agora é torcer pro corpo seguir essa alminha e voltar a ter energia pra produzir a revolução um novo ofício. Vem comigo?

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