E foi assim… (Parte 2)

Passei os últimos 18 meses – pelo menos – lendo relatos de parto na internet. Antes mesmo de saber que queria um parto natural, antes de pensar que teria minha filhota ainda em 2014, antes de ter certeza de que teria um bebê. Foi um lado da minha curiosidade e interesse sem fim pela forma em que a sociedade cria verdades que acabam cravadas na nossa cultura – e como o movimento pelo parto humanizado estava trazendo uma velha realidade à tona.
A coragem das mulheres em saírem da curva, enfrentarem suas famílias e seus médicos pra terem seu parto natural me emocionava – e ainda me emociona, mas agora com uma sensação mais nítida do que contam. Tenho uma avó que foi mãe de 17, com partos devidamente naturais, em casa, sem tecnologia ou supérfluos.
Com esse estudo prévio e apoio de uma amiga da época da faculdade que se tornou Doula, tive a impressão de que – quando chegou a minha vez – o movimento estava mais enraizado, desbravado, e tive várias indicações de pessoas conhecidas que passaram pelo mesmo. Me encantei pelos relatos da Casa de Parto de São Sebastião e comecei o pré natal pelo SUS, feliz por fazer meus impostos valerem a pena. Infelizmente não durou muito. O atendimento era sempre muito superficial e rápido, me davam sempre a impressão de que eu não devia dizer nada.
Foi aí que na 20.a semana comecei a ter contrações ritmadas e com dor, e meu médico só dizia que era “normal”. Ok, é normal… mas não é comum. Liguei e mandei mensagens diversas numa ocasião a caminho do hospital devido à uma sequencia de contrações, e não tive resposta. Meses depois tive um insight numa conversa com o marido: o atendimento que tive acesso no SUS fazia me sentir um bicho no veterinário. Mencionava a casa de parto e recebia um “tem certeza?!?!” e risadas de deboche. Tudo o que uma mãe de primeira viagem não precisa.
Quase na 30.a semana eu conheci o médico que me encantou não só pela sensibilidade, mas também por todo o seu lado metódico, o jeito de explicar tecnicamente timtim por timtim, com tabelas, dados e porcentagens. Era indicação de uma amiga que também estava grávida, que fez uma ampla pesquisa por um profissional mais humano. Ele nos deu explicações mais do que satisfatórias, sem correria, chamando eu e meu marido pelo nome, dando dados completos sobre sua forma de trabalho e como prioriza o parto sem intervenções.
Meu medo de uma eventual episiotomia (aquele “cortezinho” pra ajudar o bebê a passar), apesar do doutor não fazê-la há alguns anos, o fez me indicar uma fisioterapia, que terminou sendo um dos pilares do meu bem estar e da segurança que senti até o fim – com mais uma profissional indicada por amiga. A cada sessão de fisioterapia eu me sentia mais segura e ansiosa pela experiência do parto, de uma forma super positiva. Em outro ponto, outra indicação: fui atrás da professora de pilates que tem conhecimento amplo e um jeito especial de atender as gestantes.

Com essa preparação, estes profissionais, a compreensão do marido e telefonemas com a vovó, me senti cercada por anjos e cada vez mais feliz* e segura!

*Tirando os chiliques, o calor, as oscilações de humor e os intemperes da vida.

Continua…

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