Em outra ocasião eu falei sobre a anulação onde me percebi depois de algum tempo sendo mãe. Uma vez passado o tal do puerpério se é que isso passa – aquela fase vaca-parida que a gente se sente o mais bicho dos bichos – eu fui entendendo que priorizar minha saúde e bem estar é a melhor forma de manter minha filha bem.
Exemplo prático: eu fui incontáveis vezes até a cozinha porque tava sentindo fome ou sede. Alimentava/dava água pra Luiza e continuava os meus afazeres como se a missão estivesse cumprida. Eu chamo de maluquice, outros chamam de maternidade, desequilíbrio, amor ou sei lá o que. Mas o fato é que, por mais absurda que me parecesse a situação, eu NUNCA mencionei esse fato com alguma mãe que não fizesse uma cara de paisagem. “Sim”. “É assim mesmo”. “Acontece”. “Normal”.
A gente se vê em situações esdrúxulas, daquelas que a gente pensa que nunca vai permitir – antes desses hormônios, dessa energia, dessas bênçãos e desse amor doido entrar na nossa rotina. De repente somos responsáveis por outra vida (às vezes mais duas ou três, ou sete) e é um tanto irresponsável deixarmos a nossa própria vida em segundo plano.
Longe de mim generalizar os sentimentos maternos. Cada maternidade é única assim como cada filho é único. A mesma mulher tem estímulos, vivências e cenários diferentes de um filho pra outro, então a relação sempre é diferente. A percepção e a forma de lidar com isso também. O puerpério acontece de um jeito pra umas de outro pra outras. Mas é fato que temos que nos adaptar no novo formato familiar depois que um bebê chega.
Daí chego à constatação principal desse relato: pra ajudar uma mãe a ser menos doida e conseguir pelo menos por alguns minutos organizar a cabeça e a vida, ofereça ajuda. Mas uma ajuda do jeito que a mãe quiser, na esfera que ela quiser, sem soar prepotente ou invasivo. Com uma coisa a menos pra ter que pensar os outros milhões de pensamentos fluem melhor. Se acha que isso é problema dela e não quer ajudar ativamente: guardar seus pensamentos pra você já é excelente =)
Beijos de uma mãe que quer, dentre outras atividades, escrever três projetos, estudar alemão, estudar outras coisas, cuidar da casa, achar vaga no KiTa, se alimentar e dormir decentemente, brincar com a filha e ainda assim ter um blog ativo. Nem me pergunte qual parte eu tô conseguindo executar satisfatoriamente… Ainda assim cheia de gratidão e doida pra comemorar 2 anos dessa loucura!