Hoje cedo pipocou pra mim alguns trechos do Zuckerberg falando ontem sobre os escândalos do Facebook no congresso americano.
O que me impressiona nessa história é perceber como a gente se acostumou e aprendeu que o Facebook é mandatório pra moldar sua imagem na vida – como se o fato de se preocupar com sua imagem perante a sociedade já não fosse polêmico o suficiente, hshs. E o entendimento das nossas relações sociais passou a ter um único dono, que é o presidente executivo da empresa que gerencia nossas fontes de contato. É, no mínimo, muito estranho.
A ferramenta deixou de ser uma brincadeira com os amigos (eu entrei jogando Mafia Wars e outros joguinhos pra compensar a falta de um Nintendo na vida) e virou meio de vida, moldou minha área de formação e a profissão de muita gente. Eu parei de jogar, aprendi a compartilhar onde eu tava, o que eu penso, de quem eu gosto e o que eu como. Enquanto isso eu vi namoro balançado porque a pessoa não quis linkar o parceiro no perfil, já vi gente que soube do término da relação porque esse link sumiu, já vi gente brigando por ter lido nas entrelinhas do post alheio uma crítica que podia nem ser real, gente que se desdobra pra ter as mais belas imagens da vida pra ganhar curtidas e fica por conseguinte enlouquecido com o colecionamento desses cliques. Não estou falando de empresas.
Eu venho usando o Facebook cada vez menos, não saio porque tenho uma resposta muito positiva nos grupos que participo e eventualmente vou contar as perolinhas da minha pimpolha, mas essa página me dá muito mais desgosto do que prazer, e no desuso eu acabo ganhando. (app de grupos, sdds) Também tenho tentado dosar meus acessos, mantendo-os em determinados horários do dia, de preferência longe da Luiza – já que aquele feed não tem fim e a gente acaba se perdendo em quanto tempo estamos perdendo.
Aprendemos a nos conectar nos distanciando fisicamente, afinal sabemos da vida de todo mundo – ou das pessoas que o algorítimo nos permite ver – superficialmente; então o tomar um café ou ligar pra saber como estão perde o porquê. e existe toda uma geração moldada com essa base social calcada no virtual, não ha como voltar atrás – se é que isso seria vantajoso. O que noto é que a gente perde o tempo de cuidar das nossas vidas consumindo informação superficial com leads sensacionalistas (falsos ou não) enquanto rodamos esse feed com design viciante e salvamos trocentos links maneiríssimos que nunca iremos abrir, porque afinal temos uma vida pra cuidar. Ad infinitum.
Não creio que seja segregando que se desenvolve empatia, não sei se os debates políticos nos levam a algum lugar diferente do asco e do rancor, ou as pessoas não estariam se informando melhor caso fossem vítimas estivessem à mercê exclusivamente dos grandes meios de comunicação do Brasil.
Eu não sei sobre vocês, mas no meu feed só aparece gente anti-homofóbica, com consciência ecológica e que odeia qualquer linha de fascismo. Uma pena que na verdade o que lemos no Facebook está longe de ser a realidade popular.