Eu sempre ouço “mas o que você vai fazer em Berlim?” e suas variações. Normalmente de pessoas que querem sair do Brasil – talvez pelo cenário econômico atual, talvez por fuga emocional e talvez porque gostam de se aventurar. Eu acredito que só fomos capazes de zipar as malas e partir quando a fuga emocional não fazia parte do contexto.
De resto, o cenário econômico e político brasileiro realmente vinha nos cansando. O daqui, porém, também tem suas mazelas – acreditem. Mas o maior e melhor de todos os motivos é a aventura de se começar um novo capítulo na vida cheio de desafios, acompanhados da pequena pessoa que nos encoraja diariamente, e que em muito breve será bilíngue.
Ontem conhecemos o Mark, nosso gerente do banco. Eu não saberia soletrar o nome dele, de família polonesa. Mark é jovem, pensa rápido, faz piadas espertas, acha o sistema do banco meio bobo, perde break do almoço sorrindo, dizendo que gosta do seu trabalho e que vai atender uma senhora polonesa – que está feliz em ser atendida na sua língua mãe – em breve.
Eu digo: que bom, você consegue fazer o seguro X pra ela, fica bom pras duas partes: e ele menciona que o salário dele não é vinculado às vendas dos seguros, mas sim, ele os oferece com o mesmo afinco aos que estão por ali.
Na nossa visita ao banco o gerente se demonstrou dedicado às nossas questões, resolveu tudo prontamente, contou quanto ganha, quanto paga de aluguel, sugeriu um site pra achar apartamento quando precisarmos nos mudar, contou que fala 5 línguas (explicou que francês, inglês, polonês e alemão vieram da infância) e que está querendo aprender mandarim e eventualmente espanhol. Ele também disse que vai aplicar pra um trabalho num grande banco chinês quando se formar na faculdade que está fazendo agora, fez uma piada sobre a chefe dele estar indo pra casa e disse que queria estar dormindo feito a Luiza naquele momento. Não, ele não queria. Ele está feliz fazendo um ótimo trabalho.
Precisamos dizer que foi a ida ao banco mais eficiente das nossas vidas? Não foi chato, pelo contrário. E me impressionou – mais do que as 5 línguas que o rapaz fala – a naturalidade com a qual ele menciona seus planos de sair dali sem perder a eficiência do atendimento, destoando completamente de qualquer discurso que já tivemos em bancos no Brasil.
Mais uma vez, acabamos de chegar, meu “relacionamento” com o banco acaba de começar, e muita água ainda vai rolar por debaixo dessa ponte, mas a princípio a nossa primeira escolha de banco foi encantadora. Além disso, só me resta pedir aos céus que me ajude a ter um quinto da capacidade de assimilação de línguas desse rapaz e que meu cérebro absorva a língua local o quanto antes, haha.
Em breve teremos histórias sobre as aulas de alemão. Me aguardem.
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Quer narrativa primorosa, minha filha!
Parabéns!